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Devemos esperar novas pandemias?

Estudiosos afirmam que devemos sempre estar preparados para novas doenças que podem se globalizar

Por Eduarda G. Q. Machado*

Crédito: Dan Bennett

Durante a grande crise de abastecimento na China, iniciada em 1958 sob o governo de Mao Tsé-Tung, muitos chineses acabaram padecendo pela fome. Em meio a essa situação caótica, desenvolveu-se a tradição do consumo de carne silvestre, não importando qual fosse sua fonte ou origem. Esse costume perdurava, pelo menos, até a crise do Covid-19.

Os mercados chineses onde ocorre a venda de animais silvestres para consumo são locais com péssimas condições de higiene, onde animais, vivos ou mortos, ficam aglomerados em meio a uma circulação constante de pessoas. Essas circunstâncias geraram um cenário perfeito para que vírus pudessem sofrer mutações e conseguir sobreviver em organismos diferentes. Dado este ambiente, pesquisadores acreditam que morcegos tenham sido disseminadores do novo coronavírus para outros animais silvestres, que foram consumidos por seres humanos.

A exemplo disso, há o Pangolim, alvo de tráfico ilegal por conta de suas escamas, que o coloca em perigo de extinção. Na natureza, em condições normais, dificilmente um Pangolim teria contato com um morcego infectado, ou com um ser humano. Porém, isso foi possível. O governo chinês afirma já ter tentado fechar esses mercados diversas vezes, o que foi eficaz em cidades como Pequim, embora em outras, como Wuhan, continuam funcionando clandestinamente.

Então, o que fazer em situações como essa? O biomédico, especializado em virologia, Jaime Henrique Amorim, afirma, em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, que o que se precisa é, primeiramente, que a China passe a ser mais transparente, divulgando os primeiros casos de doença transmissível logo quando forem descobertos, visto que o tempo no controle de crises como essa é fundamental. Também, que todos os países estejam devidamente preparados para isso, como parece ser improvável que esta seja a última pandemia que vivenciaremos. A Coreia do Sul, que já havia presenciado a epidemia da Sars (Síndrome Respiratória Aguda Severa), e que conta com procedimentos padronizados para lidar com estes acontecimentos, hoje apresenta um número de casos controlados de coronavírus.

Mostra-se, então, que a solução não está em discriminar ou encontrar culpados para a crise do coronavirus, mas de entender quais condições todos os países devem pôr em prática para nos blindarmos contra crises como essa.

* Aluna do segundo ano diurno do curso de Relações Internacionais na Universidade Positivo (2020).

Referências

CORDEIRO, Tiago. A próxima pandemia também virá da China. E não deve demorar muito. Gazeta do Povo, 31 mar. 2020. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/proxima-pandemia-china/

ÁNGEL, Miguel. Crescem as evidências de que o pangolim foi o animal de origem do coronavírus. El País, 27 mar. 2020. Disponível em: https://brasil.elpais.com/ciencia/2020-03-27/crescem-as-evidencias-de-que-o-pangolim-foi-o-animal-de-origem-do-coronavirus.html

BRIGGS, Helen. Coronavírus: a corrida para encontrar animal que foi origem do surto. BBC News, 26 fev. 2020. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51641776

RENOVA MÍDIA. China faz do Pangolim um dos mamíferos mais traficados do mundo. 14 abr. 2020. Disponível em: https://renovamidia.com.br/china-faz-do-pangolim-um-dos-mamiferos-mais-traficados-do-mundo/

TERRA. De morcegos a pangolins: como vírus chegam até o ser humano?. 31 mar. 2020. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/coronavirus/de-morcegos-a-pangolins-como-virus-chegam-ate-o-ser-humano,f211077e6cc51b811eb4bc69822210e3fdm7c7yt.html

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