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Nova Rota da Seda

Uma ferramenta de desenvolvimento compartilhado


Por Elisa Spagnollo*

Crédito: Le Monde Diplomatique (editada)


A China já é o maior parceiro comercial do Brasil, e cada vez mais outros Estados são acrescentados à lista chinesa de seus “dependentes” comerciais. Em 2013, o atual presidente do Partido Comunista da China (PCC), Xi Jinping, anunciou que seu governo irá investir US $124 bilhões de dólares em um projeto de infraestrutura jamais visto pela humanidade. Conhecida como Cinturão e Rota (One belt, One road) ou Nova Rota da Seda, é um projeto que consiste em interligar o Oriente Médio, Europa, África e Ásia, com obras terrestres (cinturão) e marítimas (rotas), passando por 2 oceanos (Pacifico e Índico) chegando ao Mar Mediterrâneo. Com todo esse imenso investimento de infraestrutura é evidente que a China visa ganhos muito maiores com a execução final deste.


A Rota da Seda originalmente surgiu durante a Dinastia Han entre (206 a.C - 220 d.C), implantando redes de comércio nas regiões à que hoje pertencem os países contemplados pelo atual projeto. As antigas rotas se estendiam por aproximadamente 6 mil km até a Europa, com isso, na Ásia Central, é onde se encontra um dos primeiros vestígios do início da “globalização”, conectando os principais mercados daquela época.


Apesar desses processos históricos serem distintos, é possível visualizar a conexão entre a Rota da Seda de milênios atrás e a Nova Rota da Seda. Algo que nos mostra essa relação é que tanto a China daquela época quanto a de hoje (possuem um padrão de globalização voltado ao comércio pragmático). Jabbour, autor do livro “China: o socialismo do século XXI, aponta que “A China se utiliza de uma capacidade milenar de fazer comércio como forma de integração com outros países e, quando isso acontece, exploração, dominação ou colonização ficam em segundo plano porque a linguagem comum é o comércio”.


Alguns analistas internacionais veem esse projeto como forma de expor o poder crescente da China. Em contraponto existem estudiosos que afirmam que essa rota só é uma reestruturação daquilo que em um determinado ponto da história já existiu para auxiliar o comércio entre os países da região.Atenta-se também ao fato desse projeto ser uma iniciativa da atual da China retomar seu papel de líder econômico, cultural e comercial que há séculos atrás já foi dela, transformando-o em um projeto político com um um termo cunhado pelo próprio Xi Jinping “Sonho Chinês”.


Contudo, a ocasionalidade gerada pela Covid-19 freou as iniciativas chinesas. Um dos desafios que a potência vem enfrentando atualmente relaciona-se com as centenas de milhões de dólares que a China em forma de empréstimos e subsídios vem concedendo a países da África, Ásia e Europa para que seu projeto se concretize. A partir disso, qual seria o impacto dessa grande obra no Brasil? Já que esse projeto não contempla a América Latina, não haverá impacto certo?


Esta visão é um tanto quanto obsoleta quando se acredita que o comércio internacional em um mundo globalizado, como o que vivemos atualmente, afeta todos os Estados em parcelas diferentes, porém existentes. No Brasil existe uma oportunidade histórica de tirar proveito de suas relações internacionais duradouras com a China, para possíveis investimentos. Jabbour, doutor em geografia, afirma que “O Brasil poderia trocar soja, petróleo ou minério de ferro por grandes obras públicas no país, como por exemplo a triplicação das linhas de metrô de São Paulo e Rio de Janeiro. Mas para isso o país teria que se reorganizar para receber investimentos chineses e retomar sua política externa”.


Logo, por meio das falas desses pesquisadores na área e com pesquisas realizadas, mesmo que o Brasil atualmente não esteja demonstrando suas táticas de diplomacia devido ao governo atual, é improvável que um governo de 4 anos afete de maneira trágica as relações Brasil-China e espera-se que a próxima governança tire proveito desse projeto para o bem do Estado brasileiro.


*Aluna do sexto período noturno de Relações Internacionais na Universidade Positivo 2021.


Referências:

ABDENUR, Adriana Erthal. Expansão comercial da China: a nova rota da seda e o Brasil. A Nova Rota da Seda e o Brasil. 2017. Disponível em: <https://diplomatique.org.br/19184190_1370296073019263_285623279_n/>. Acesso em: 04 dez. 2021.


CANTO, Karen.China investe pesado pesado na nova rota da seda. 2021. Disponível em:< https://www.comciencia.br/a-nova-rota-da-seda-na-pandemia/>. Acesso em: 04 dez. 2021.


CHATZKY, Andrew; MCBRIDE, James. China 's Massive Belt and Road Initiative. 2020. Disponível em: <https://www.cfr.org/backgrounder/chinas-massive-belt-and-road-initiative> . Acesso em: 04 dez. 2021.


GARATTONI, Tiago Cordeiro e Bruno. A nova rota da seda. 2019. Disponível em: <https://super.abril.com.br/sociedade/a-nova-rota-da-seda/>. Acesso em: 04 dez. 2021.


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