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A Migração da África Oriental: uma horrível realidade



Em três países – Etiópia, Iêmen e Arábia Saudita – imigrantes e requerentes de asilo etíopes, assim como nacionais de outros Estados da África oriental, vêm sofrendo com a falta dos Direitos Humanos, como apontou o relatório da Humans Rights Watch (HRW). O estudo da HRW relatou uma carnificina sistemática contra os imigrantes da Etiópia e de outros países da África oriental entre Março de 2022 e Junho de 2023, na fronteira entre o Iémen e a Arabia Saudita.

Durante os dois anos da Guerra do Tigré, ocorrida no norte da Etiópia entre o governo federal e os separatistas da região, aumentou de forma considerável o número de refugiados que entraram no Iêmen partindo do chifre da África. Denúncias de um genocídio do governo etíope contra a etnia tigrínia que vive nessa região, assim como crimes de guerra foram relatados como tendo sido cometidos por ambos os lados do conflito.

Segundo a Humans Rights Watch 90% dos refugiados que entraram no Iêmen são etíopes, e os outros 10% são Eritreus, Somalis e outros nacionais de Estados da África oriental. Todas essas populações têm o caminho primário para o Iêmen, que também vive uma guerra civil desde 2014. No caso iemenita, a guerra civil ocorre entre os Houthi, grupo extremista xiita apoiado pelo governo iraniano, contra o governo central sunita apoiado pela Arabia Saudita. Ainda que o Iêmen não seja um país industrializado ou abundante em petróleo, terras férteis ou outros recursos econômicos, o país tem uma importância estratégica pois ali é divisão entre o estreito de Bab al-Manab, conexão entre o mar vermelho e o golfo de Áden.

Anualmente, passam mais de 20.000 navios petrolíferos na região o que também a torna um alvo para os piratas que ficam na costa da Somália, de modo que o golfo torna-se um palco de batalhas marítimas e diversos saques. Relatos dão conta de que a força área saudita, desde fevereiro de 2022, realizou ao menos 700 ataques em incursões no território do Iêmen. Atualmente, Saana – a capital iemenita – está sob controle dos Houthi.

Nesse cenário de caos e incertezas, os imigrantes da África oriental têm tentado chegar na Arábia Saudita em busca de uma melhor situação de vida. Aqueles que conseguem sobreviver a uma jornada potencialmente traumática estão sendo recebidos com violência tão extrema que chega a ser sádica. Há vários relatos de extorsões, pagamentos de taxas, e violências contínuas sobre os imigrantes e requerentes de asilo, causado pelo grupo Houthi. Outros tantos são os recém-chegados recebidos a tiros. O relatório da HRW também aponta que os guardas reais sauditas perguntavam aos imigrantes onde eles desejavam ser baleados, empreendendo de forma livre todo e qualquer tipo de violência.

Toda essa situação mostra uma política generalizada de extermínio utilizada pelo governo saudita, que tentam controlar a entrada em seu país cometendo diversos crimes. Além disso, essa situação vem sendo ignorada pela mídia ou por organizações internacionais. Ainda o governo do príncipe saudita Mohhamad Bin Salman venha se utilizando do esporte para promover uma imagem mais positiva do país, em suas fronteiras banhos de sangue são cotidianos. As inúmeras contratações de craques mundiais do futebol com o dinheiro oriundo do petróleo não pode mascarar as violações de Direitos Humanos cometidos na região.


Autor: Gabriel Ubaldo Gomes


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