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Argentina e Nova Zelândia contra o coronavírus

Uma análise sobre as abordagens argentina e neozelandesa no combate à COVID-19

Por Nicole C. Wolinger*

Crédito: Ronaldo Schemidt / AFP

No dia 11 de março de 2020, a OMS afirmou que a COVID-19 foi classificada como pandemia mundial. Diversos países foram extremamente afetados por ela, como a China, Itália, Espanha e Estados Unidos. Contudo, alguns países, como Argentina e Nova Zelândia, tomaram iniciativas a tempo de evitar uma expressiva propagação do vírus e acentuada curva de novos casos.

O presidente argentino, Alberto Fernández, implementou a quarentena no dia 20 de março, que, após algumas prorrogações, se estendera até o dia 26 de abril, podendo ser adiada. Fernández afirmou que se não tivesse tomado essa decisão, o número de casos poderia chegar a 45 mil, número quase dezesseis vezes maior que os registrados no dia 19 de abril.

O país vem tomando algumas iniciativas para auxiliar e incentivar a população a ficar em casa, como o controle de circulação de pessoas, assistência a diversos setores sociais, controle de preços dos produtos em supermercados, rastreamento de celulares e de redes sociais, sendo este último alvo de críticas entre a oposição. O presidente argentino anunciou no início deste mês medidas como a proibição de demissões e suspensões de contratos de trabalho, medida esta que é válida até o final de maio podendo ser prorrogada. Outra política foi a liberação de auxílio financeiro para empresas de até 100 funcionários, ou que possuam um elevado número de infecções pela COVID-19.

Fernández enfatizou a importância da presença do Estado em áreas da saúde e da distribuição de recursos aos mais pobres, causando um aumento em sua popularidade e reforçando sua imagem como líder, tendo também afirmado: “prefiro ter 10% de pobres, mas não 100 mil mortos”. Fernández possui a aprovação da população, dos governadores, prefeitos e até da oposição, que vem implementando as mesmas medidas em suas províncias.

Assim como a Argentina, a Nova Zelândia também se destacou em relação aos números de infectados e de mortos pelo novo coronavírus. Até 19 de abril, o país registrou 1.431 casos e apenas 12 mortes. A primeira-ministra, Jacinda Ardern, anunciou o início da quarentena no final de março, afirmando, também, que independente do sucesso, o isolamento social se estenderá até pelo menos o final de abril. A medida tem como objetivo a eliminação do vírus, e não apenas a sua contenção, proibindo os neozelandeses de sair exceto para comprar alimentos, remédios, ir ao médico, ir ao trabalho (caso a pessoa tenha uma função essencial) e para fazer exercícios próximos a suas residências.

Também foi afirmado que, pela primeira vez o país se encontra em “Alerta 4”. Os serviços aéreos foram alterados, agora apenas pessoas que trabalham com serviços essenciais e estrangeiros que desejam voltar para seu país de origem podem viajar. Além disso, também foi confirmado que viagens dentro do próprio país não estão disponíveis.

Ardern anunciou suporte à população, como subsídio salarial, fluxo de caixa comercial e medidas fiscais. Também foi lançado um site exclusivo para denúncias sobre pessoas que não estavam obedecendo a quarentena. No entanto, o site teve um número muito alto de acessos e acabou caindo. Foram registradas 4.200 denúncias, dentre elas uma festa de 60 pessoas em um albergue para mochileiros. “Agora não é o momento de romper as regras. É o momento de ficar em casa e salvar vidas”, disse a primeira ministra.

* Aluna do primeiro ano diurno do curso de Relações Internacionais na Universidade Positivo (2020).

Referências

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